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América Latina recicla apenas 3% do lixo eletrônico, diz pesquisa da ONU
Apenas 3% do lixo eletrônico produzido na América Latina é descartado corretamente e o restante, 97%, não é monitorado, embora possa conter materiais de alto valor, como ouro e metais, que poderiam ser recuperados, segundo pesquisa da Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo aponta desperdício de US$ 1,7 bilhão ao ano, além dos danos ao meio ambiente. O Brasil é o quinto maior produtor mundial de lixo eletrônico e deve descartar mais de 2,5 milhões de toneladas este ano.
Ampliar a utilização desse resíduo e promover impactos positivos ao meio ambiente é a proposta da parceria entre a empresa GM&C, especializada em logística reversa e reciclagem de equipamentos eletroeletrônicos, e o Movimento Circular. A união de esforços das duas organizações pretende proporcionar novas ideias e projetos com potencial grande de engajamento e multiplicação dos conceitos da economia circular.
Segundo o coordenador da GM&C, Henrique Mendes, através da parceria, a empresa se propõe a difundir conteúdo sobre economia circular nos seus canais de comunicação, abrir espaços para abordar o conteúdo em eventos que participa ou promove, realizar palestras, workshops e cursos para os stakeholders. A integração visa ainda ampliar o alcance do Movimento Circular, engajando novos potenciais parceiros.
A adesão da GM&C ao Movimento Circular foi oficializada no dia 3 de outubro e representa o compromisso em promover a mudança da percepção das pessoas em relação ao chamado lixo eletrônico. “Em nosso modo de enxergar, eletrônicos usados não são lixo, pelo contrário, são recursos em potencial que precisam ser recuperados. A razão da GM&C existir é justamente acabar com o conceito de lixo eletrônico, recuperando ao máximo os recursos presentes nesses resíduos”, afirma Mendes.
Sem desperdícios
A GM&C e o Movimento Circular têm objetivos comuns para promover e incentivar atitudes para um mundo sem desperdícios. “Com a expertise dos parceiros do Movimento Circular, pretendemos como criar campanhas com escolas, prefeituras, empresas ou outros interessados, para acelerar a implementação da logística reversa dos eletroeletrônicos no Brasil, recuperando ao máximo os resíduos presentes nos equipamentos usados que as pessoas descartam”, alega Mendes.
O Movimento Circular é uma iniciativa multissetorial que reúne pessoas e organizações empenhadas na transição da economia linear para a economia circular, através da educação e da cultura. A proposta é divulgar o conhecimento sobre a economia circular, incentivando o desenvolvimento sustentável de novos processos, produtos e atitudes para um mundo sem desperdícios.
Mais do que alternativa, a economia circular é o único caminho sustentável para as empresas, as pessoas e o planeta. O professor e pesquisador em economia circular Daniel Guzzo, embaixador educacional do Movimento Circular, explica que o desafio é criar produtos e ideias sustentáveis que tenham o poder de engajar a maior parte das pessoas com a rapidez necessária.
“Chegamos a um ponto em que temos que escalar os conceitos que estamos desenvolvendo para fazer toda a jornada de inovação chegar até as grandes empresas e sair do lugar de nicho. Temos que alcançar a maioria das pessoas ou não haverá tempo suficiente para a mudança”, diz Guzzo.
Recursos finitos
Em um mundo de recursos finitos e cada vez mais escassos, a GM&C é especializada em logística reversa e reciclagem de equipamentos eletroeletrônicos.
Em 2021, a GM&C reciclou 4,3 mil toneladas de eletrônicos e espera chegar à marca de 7 mil toneladas neste ano. Só no mês passado, a empresa reciclou mais de 760 toneladas. Com os novos investimentos em máquinas feitos neste ano, a companhia atingiu a capacidade de processar 30 mil toneladas de resíduos eletrônicos ao ano.
Além disso, a GM&C realiza diversas outras atividades para assegurar o melhor e mais seguro serviço de logística reversa a seus clientes. Anualmente a empresa auditou mais de 40 fornecedores e controla mensalmente mais de 450 documentos desses parceiros, além de gerenciar mais de 10 mil pontos de coleta.
“Somos essencialmente uma empresa focada e voltada para o desenvolvimento da economia circular. Uma mineradora urbana que atua diretamente na transformação do resíduo em recursos, desde a coleta, transporte, processamento do material coletado e envio para reciclagem”, afirma Mendes.
A recuperação de diversos tipos de materiais é obtida na separação automática dos resíduos dos eletrônicos, como plástico, ferro, alumínio, cobre, vidro e outros metais não ferrosos, entre eles ouro e prata, em menores proporções. A matéria-prima gerada nos processos é encaminhada para parceiros especializados, que transformam os resíduos em novos produtos, cumprindo com o ciclo da economia circular.
O plástico, por exemplo, sai da fábrica da GM&C em qualidade ideal para ser transformado em matéria-prima novamente e pode ser usado para produzir qualquer outra peça ou produto. Já o ferro é transformado em aço novamente. “Importante destacar que o aço é um material infinitamente reciclável e cada tonelada de sucata reciclada evita a emissão de 1,5 toneladas de gás carbônico no ambiente. Este aço pode ser então usado na construção civil”, comenta o coordenador da GM&C.
Mineração urbana
Reciclar eletrônicos ajuda a recuperar quantidades significativas de metais, que deixam de ser extraídos da natureza. O processo de mineração tem impacto ambiental intensivo, resultado de escavações, movimentação de grandes veículos e das etapas de beneficiamento de dezenas de toneladas de minério para extrair alguns gramas ou quilos de metais nobres.
“Com a mineração urbana, conseguimos recuperar os mesmos metais, com a mesma qualidade, porém, com um impacto ambiental significativamente menor”, explica Mendes. Além de consumir menos energia e não demandar escavações, a mineração urbana recupera ainda o valor dos resíduos, reduzindo a quantidade de lixo e auxiliando na regeneração do meio ambiente.