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Preços de produtos do setor de metalurgia caem em agosto
O IPP (Índice de Preços ao Produtor) apresentou retração de 3,11% em agosto frente a julho de 2022 - uma deflação recorde, de acordo com um balanço do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgado no fim de setembro. Trata-se do maior recuo do IPP na série histórica.
As quatro maiores variações de deflação foram alcançadas pelas indústrias extrativas (-14,18%), refino de petróleo e biocombustíveis (-6,99%), metalurgia (-3,91%) e alimentos (-3,74%).
O IPP das Indústrias Extrativas e de Transformação faz a aferição dos preços de produtos “na saída da fábrica”, sem impostos e fretes, e inclui bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis, semiduráveis e não duráveis) - consideradas, respectivamente, as grandes categorias econômicas.
Fernando Wojciechowski, diretor da Metalwac Indústria Metalúrgica, destaca que a deflação em agosto dos produtos do setor de metalurgia foi a maior variação negativa dos últimos anos. Um dos motivos da deflação está relacionado à apreciação real frente ao dólar em agosto, a qual atingiu o preço das importações e exportações.
Ele afirma que a redução dos preços do óleo bruto de petróleo e do minério de ferro no mercado externo também influenciou diretamente a deflação, produzindo um efeito em cascata em boa parte da indústria.
“Já a queda do preço do minério de ferro afetou os setores de metalurgia de forma direta, repercutindo principalmente nos setores de produção de veículos e eletrodomésticos”, complementa Wojciechowski.
Inflação, deflação e falta de mão de obra desafiam o setor de metalurgia
Na percepção do diretor da Metalwac Indústria Metalúrgica, tanto a inflação quanto a deflação podem gerar um impacto no cenário econômico.
“Se não houver um controle econômico, pode desestimular setores da economia a realizar investimentos nas indústrias impactando na geração de empregos e na aplicação de novas tecnologias tornando a indústria brasileira obsoleta”, articula Wojciechowski.
Segundo um levantamento veiculado pelo jornal Diário do Grande ABC a partir de dados do IBGE, 1.787 empresas foram fechadas na região entre 2011 e 2020. Destas, 41,9% fazem parte do setor de metalurgia. São Bernardo (SP) foi a cidade mais impactada, com 15,6% das perdas.
Entre 2011 e 2020, o número de empresas em São Bernardo passou de 2.184 para 1.904, registrando 280 organizações a menos. Diadema, por sua vez, teve 279 perdas, enquanto São Caetano fechou 101 empreendimentos. Ribeirão Pires foi a única cidade da região com saldo positivo, somando mais cinco indústrias de transformação.
Por outro lado, as empresas do setor que apresentam bom desempenho esbarram na falta de qualificação para o preenchimento de novas vagas. Segundo uma reportagem publicada pelo G1, empresários de Sertãozinho (SP) encontram dificuldades para preencher as cerca de 1,5 mil oportunidades de emprego.
Diante disso, a Secretaria Desenvolvimento Econômico e o APL (Arranjo Produtivo Local) Metal-Mecânico da cidade vêm buscando soluções para aumentar as oportunidades de capacitação. Em entrevista ao portal de notícias, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Henrique Gomes, destacou que, apesar de um “problema antigo”, a escassez de mão de obra qualificada foi agravado pela pandemia: "Esses dois anos de paralisação representam muito mais tempo na formação técnica e profissional”.
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