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Metade dos diabéticos brasileiros desconhece o diagnóstico
Dados apresentados na 10ª edição do Atlas de Diabetes, levantamento de alcance mundial organizado pela International Diabetes Federation (IDF), apresentam um cenário preocupante. De acordo com a publicação, 537 milhões de adultos têm a doença no mundo. Ainda segundo o documento, no Brasil, são 16,8 milhões de doentes adultos, o que faz do país o 5º com maior incidência no mundo.
O Dia Mundial do Diabetes - celebrado em 14 de novembro - foi criado com intuito de conscientizar a sociedade sobre os perigos do Diabetes Mellitus e envolve profissionais, autoridades e instituições de cuidados da saúde. Em todo o mundo, campanhas alertam para a importância da prevenção e dos tratamentos que auxiliam no combate da doença. O tema adotado para as campanhas dos anos de 2021 a 2023 foi “Acesso aos Cuidados do Diabetes - se não agora, quando?” e chama a atenção para a importância do acesso garantido à insulina e à medicação oral, da educação e informações seguras, do suporte médico e psicológico, da nutrição e da automonitorização desde o diagnóstico e durante todo o tratamento.
O Diabetes Mellitus é uma doença caracterizada pela produção insuficiente ou dificuldade de absorção de insulina, hormônio com a função de controlar a quantidade de açúcar no sangue e transformá-lo em energia para o organismo. O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas de açúcar no sangue podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e no sistema nervoso. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte.
Segundo especialistas, alimentar-se de forma saudável, praticar atividades físicas, perder peso e não fumar são hábitos essenciais para prevenir ou retardar o diabetes, principalmente, o tipo 2, devido aos riscos aumentados por fatores comportamentais.
De acordo com a Dra. Renata Midori Hirosawa, endocrinologista e membro da equipe transdisciplinar do Instituto de Medicina Sallet, estima-se que 80% dos pacientes com obesidade graus 2 e 3 estão diabéticos, e metade destes, desconhece o diagnóstico da doença.
Para mais esclarecimentos sobre o tema, a Dra. Hirosawa falou sobre os números revelados pelo Atlas de Diabetes, além da importância de campanhas de conscientização e hábitos que podem contribuir para a prevenção da doença.
- Como avalia os dados do mais recente levantamento da IDF a respeito da questão do diabetes em escala global? E quanto ao cenário brasileiro, de forma mais restrita, qual a avaliação?
O Diabetes mellitus é um crescente problema de saúde para muitos países, independentemente do seu grau de desenvolvimento. O aumento da prevalência do diabetes está associado a diversos fatores, como rápida urbanização, estilo de vida sedentário, má alimentação, tabagismo, excesso de peso, crescimento e envelhecimento populacional e, também, à maior sobrevida dos indivíduos com diabetes.
No Brasil, a situação vem sendo negligenciada por muitos governos, nos quais os sistemas de saúde pública precários, bem como os profissionais de saúde desatualizados, ainda não se conscientizaram da atual relevância do diabetes e de suas complicações para a saúde da população. Estima-se que cerca de metade dos casos de diabetes em adultos não sejam sequer diagnosticados. Grande parte dos pacientes descobre a doença em razão de alguma complicação grave de saúde.
Pelo fato de o diabetes estar associado a maiores taxas de hospitalizações, maior utilização dos serviços de saúde, bem como maior incidência de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, cegueira, insuficiência renal e amputações não traumáticas de membros inferiores, pode-se prever a carga que isso representará nos próximos anos para os sistemas de saúde de todos os países, independentemente do seu desenvolvimento econômico.
- De que maneira campanhas celebradas por ocasião do Dia Mundial do Diabetes podem jogar luz sobre esta questão, mitigando a incidência desta doença na população?
As campanhas são importantes mecanismos de disseminação de informações seguras e contribuem para envolver governos e todos os setores da sociedade sobre a necessidade do diagnóstico precoce da doença, tratamento, controle, prevenção e cuidados adequados.
É necessário estabelecer e desenvolver novas e mais fortes parcerias entre órgãos governamentais e sociedade, para uma maior corresponsabilidade em ações orientadas para detecção e controle do diabetes.
Essas estratégias devem promover um estilo de vida mais saudável e mudanças de hábitos em relação ao consumo de certos alimentos, bem como estimular a prática de atividades físicas e maior frequência nos consultórios médicos.
- Qual é a relação do diabetes com a obesidade? De que forma o excesso de peso pode ser um fator desencadeador desta enfermidade?
O diabetes tipo 2 é o tipo mais frequente e ocorre em mais de 90% dos casos. A doença tem relação com os hábitos e comportamento do paciente. Mais de 80% dos diabéticos tipo 2 estão acima do peso. Portanto, a relação entre diabetes e obesidade é simples e direta.
A ingestão de carboidratos refinados em excesso, aliada a outros fatores como sedentarismo, tabagismo e consumo de álcool, promove acúmulo de gordura no corpo, além de tornar o organismo resistente à insulina, o hormônio responsável por controlar nossos níveis de açúcar no sangue. Por esta razão, os obesos são o grupo de maior potencial de apresentar o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
- Quais hábitos podem ajudar a reduzir a obesidade e, consequentemente, o risco do diabetes?
Para obter sucesso no controle do diabetes, é necessário que se tenha um estilo de vida saudável e que envolva a mudança de hábitos em relação ao consumo de certos alimentos ricos em açúcar, refrigerantes e produtos industrializados. Alimentar-se melhor, parar de fumar, reduzir o consumo de álcool, perder peso e praticar atividades físicas são hábitos que direcionam para um melhor caminho.
Como nem sempre é simples adotar um novo estilo de vida ou não se tem tempo disponível para o tratamento medicamentoso prolongado devido ao comprometimento da saúde, muitos pacientes recorrem aos procedimentos cirúrgicos. Para pacientes diabéticos que sofrem de obesidade grau 2 ou 3, a cirurgia bariátrica é uma das formas mais eficientes para a necessária e significativa redução de peso.
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