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O que e quais são os impactos da automatização do trabalho?
Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. A afirmação, que integra a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, foi adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.
O enunciado serve de orientação para o desenvolvimento de políticas públicas em países de todo o mundo, como o Brasil, onde a taxa de desemprego chegou a 8,7% no terceiro trimestre de 2022, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No segundo trimestre, a taxa de desocupação foi de 9,3% segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
Para além dos desafios históricos, a expectativa é que, cada vez mais, os brasileiros que buscarem por uma oportunidade no mercado de trabalho tenham que lidar com as dinâmicas da chamada “Revolução Digital”, também conhecida como a Terceira Revolução Industrial.
Sobre os possíveis riscos do desenvolvimento tecnológico na dinâmica do trabalho, Marcelo Menezes, cofundador da Lean Solutions - empresa que oferece treinamentos corporativos e transformação digital -, observa que, ao mesmo tempo em que se pode reduzir a mão de obra necessária para algumas funções operacionais, novos postos de trabalho surgirão com as demandas para as novas habilidades.
“Um exemplo disso é o aumento considerável de vagas para cientistas de dados, especialistas em marketing de performance, ou, influenciadores da marca”, afirma. Com efeito, a procura por profissionais de dados vai a quase 500%, com salários que podem chegar a R$ 22 mil, conforme dados de um balanço da Intera, startup baiana de recursos humanos, divulgados pelo Canaltech.
Segundo o levantamento, a abertura de vagas correlatas aumentou 485% no primeiro semestre de 2021 em relação ao ano precedente. A pesquisa entrevistou 4 mil profissionais, de 34 companhias, dos níveis pleno, sênior e especialista, que atuam como analistas, engenheiros e cientistas de dados.
Aliás, o mercado de dados deve demandar 420 mil novos talentos até 2024, segundo uma estimativa da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), ao passo em que o Brasil forma somente 42 mil profissionais no segmento a cada ano.
“Nossa lógica do trabalho em continuar apertando o mesmo botão ad infinitum, assim como Charles Chaplin em ‘Tempos modernos’, está em vias de ser modificada. Em breve, a tendência é que o trabalho deixe de ser operacional e passe a ser cada vez mais estratégico”, completa Menezes.
Automatização impulsiona a competitividade
Na visão de Menezes, a busca por modelos mais eficientes será determinante para a manutenção da competitividade das empresas. “Basta observar como algumas startups modificaram todo ‘status quo’ vigente com soluções eficientes a diferentes problemas do dia a dia. O que elas possuíam em comum?”, questiona.
Ele explica que essas startups alinhavam sistemas tecnológicos com atividades rotineiras que poderiam ser simplificadas com processos automatizados de fluxo de informação, atendimento ou gestão de demanda. “Só pensar na simplicidade com que podemos pedir nosso almoço por meio de um aplicativo de delivery, ou assistir o último lançamento do cinema via streaming”, acrescenta.
De acordo com o especialista, os benefícios da automatização das tarefas rotineiras são notáveis na capacidade produtiva das empresas. “A automatização ajuda a retirar atividades que geram pouco impacto, mas consomem grande parte do tempo. Afinal, quem não se sentiu improdutivo ao ter de preencher alguma planilha manualmente durante meses?”.
Para o cofundador da Lean Solutions, a automatização das tarefas rotineiras não é uma tendência, mas uma realidade. “Com soluções cada vez mais simplificadas, especialmente em soluções low-code (“pouco código”, em tradução livre) e no-code (sem código) qualquer pessoa é capaz de emancipar sua rotina de trabalho com fluxos de automação”.
Para concluir, Menezes ressalta que a transformação no modelo industrial vigente é real. “Embora alguns digam que vivemos na quarta era industrial, podemos dizer que já estamos vivenciando uma época à frente. Nessa época, não é mais sobre o maior, mas sobre o mais inteligente e ágil”, finaliza.
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