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O cenário econômico mundial permanece desafiador
Os acontecimentos no Reino Unido foram destaque nos mercados globais em setembro. O novo governo conservador de Liz Truss apresentou um pacote de estimulo fiscal expressivo, estabelecendo a estratégia de aumento do impulso fiscal diante do choque de oferta nos últimos meses. A curva de juros chegou a subir 200 bps, mas se acomodou parcialmente depois do Banco da Inglaterra anunciar operac?a?o de compra de ativos de curto prazo. Ale?m do Reino Unido ser muito conectado com o resto do mundo pelo canal financeiro, esse episo?dio foi importante por expor o que tem sido uma reac?a?o frequente entre os governos ocidentais: a expansa?o fiscal em momento de aperto moneta?rio, onde pai?ses com quadro fiscal mais frouxo necessitam uma poli?tica moneta?ria mais apertada, por mais tempo, para reverter a espiral inflaciona?ria.
Na Zona do Euro, o destaque foi o pacote anunciado pela Alemanha. Ainda que maiores detalhes na?o sejam conhecidos, a promessa de Olaf Scholz foi de um pacote de 200 bilhões de euros com esti?mulos distribuídos pelos pro?ximos 2 anos. Para o Banco Central Europeu, resta um balanc?o desafiador, diante de inflac?a?o que acumulou 10% em setembro, sem sinais de arrefecimento. A atividade demonstrou fraqueza, principalmente nos indicadores qualitativos, porém o impulso fiscal pode novamente segurar o ciclo e atrasar a desinflac?a?o. Diz o economista Felipe Bernardi Capistrano Diniz, “de fato, parte do fiscal vem para subsidiar diretamente o prec?o da energia, o que tambe?m impede a correc?a?o da quantidade frente a? alta dos prec?os. Por outro lado, ha? pacotes de transfere?ncias de renda, contraproducentes para as autoridades moneta?rias”.
Nos Estados Unidos, o FED aumentou a taxa em 75 bps para 3,25% e a comunicac?a?o mais dura sinalizou alta adicional de 75 bps na próxima reunia?o de novembro. Os dados de atividade continuam mostrando resilie?ncia do consumo de servic?os. Ainda tem-se o patamar de 4,5% de juros como o mais prova?vel, devido à desacelerac?a?o da economia global imaginada na entrada de 2023. O risco, contudo, e? de necessidade de alta mais pronunciada pela persiste?ncia da inflac?a?o. De todo modo, se antes via-se com clareza a necessidade de ajuste na precificac?a?o da curva de juros de mercado, hoje ela parece mais ajustada.
O Brasil passou o me?s de setembro acompanhando as pesquisas eleitorais. A apurac?a?o do primeiro turno mostrou uma corrida presidencial apertada e composic?a?o de Congresso ainda mais ao centro. Para Felipe Bernardi Diniz, independentemente do vencedor, o pro?ximo presidente deve iniciar o mandato com sinalizac?o?es de austeridade fiscal. Afinal, diante do mandato de quatro anos, na?o há por que iniciar o processo com uma piora da percepc?a?o de risco pai?s. Ademais, o atual arcabouc?o legal e regulato?rio dos governos e das estatais dificulta arroubos nesse sentido. Nos juros, o BC terminou o ciclo em 13,75%, como era a expectativa do mercado. A inflac?a?o corrente tem trazido surpresas positivas, e o processo de afrouxamento moneta?rio deverá ocorrer apenas em meados de 2023.